Michele Mabelle

Michele Mabelle

quarta-feira, 12 de abril de 2017

Um mundo das mãos sujas e da cara lavada.



Queria eu
Dizer somente coisas bonitas
Captadas
Atavés de minha antena invisível
Mas se um poema não expressar
A história há de registrar
Que este é o século da hipocrisia.
Do parecer ser e não ser
Do faça o que eu falo
Mas não faça o que eu faço
Da aparência
Do tudo pode
Mas nada pode, porque
Tudo é julgado.
Pessoas politizadas
Cabeça aberta,
Mulheres falam de sororidade
Homens sem preconceitos
Dizem respeitar tudo
Opinião
Estilo de vida
Opção sexual
Mas na primeira oportunidade
De praticar
Mostram que ainda são regidos
Pela moral e os bons costumes
Essa moral que sobrevive às escuras
Pelas ruas da cidade provinciana
ou
Atrás de suas telas sujas de poeira.
Os costumes que vivem à ditar
O certo e o errado
Depreciar e à julgar
Olhando pelas frestas
De uma cortina de hipocrisia.
Eu
Olhando tudo isso de tão perto
E tão longe
Sorrindo canto:
"É tão bom ser livre
Como é bom ser livre!
Não se importar com opiniões
Não ser submetida à aprovações.
É tão bom exercer o direito de ir e vir
E vir e ir
Como quiser
Quando quiser
Mas
Na mesma proporção perceber
Que inacreditávelmente
Pessoas ainda vivem presas
Em seus próprios conceitos
Velhos e ultrapassados
Julgando em seus tribunais
Criados a partir de sentimentos como
Impotência, incapacidade ou
De suas poltronas gordas
Onde passam toda a parte do seu dia
Buscando motivos
Para alimentar o ódio
É esse é nosso século
O mundo do faz de conta
Do tudo e nada
O mundo das mãos sujas
E da cara lavada.


_ Michele Mabelle

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